Designe na música — por mulheres

Pyetra Salles
4 min readMar 12, 2021

Roberta Bayley

Foto utilizada na capa de Ramones, álbum de estreia da banda. Por: Roberta Bayley

Primeiro vou falar sobre a Roberta Bayley, não só por gostar muito do trabalho dela, mas por me identificar.

Bayley sabia que precisava de liberdade para criar seu trabalho. Ela não queria trabalhar em um estúdio; queria estar com amigos, com bandas, em shows, não apenas como fotógrafa mas como "público".

“A fotografia é mais olho do que técnica”, diz Bayley no curta-metragem documental de Beth Lasch, Roberta Bayley: She Just Takes Pictures . Para ela, a fotografia é muito fácil, basta apertar esse botão. Ela sempre seguiu com essa ideia. Nunca aprendeu técnica, apenas a usar o flash.

Entre os artistas que Bayley fotografou estão Iggy Pop, Ramones, Blondie, Sex Pistols, Heartbreakers, The Clash entre outros ícones do punk de 1975 a 1986.

Pennie Smith

London Calling — The Clash, por: Pennie Smitch

A história da capa icônica é a seguinte: Pennie tava acompanhando a banda The Clash em um show da turnê Clash Take the Fifth. O baixista Paul parecia bravo com alguma coisa no palco e a fotógrafa notou. Por isso escolheu focar toda a atenção no músico. Minutos depois, Paul, irritadaço, quebrou o baixo — Fender :( — no chão, fazendo aquela cena bem roqueira, captada por Pennie Smith, que saiu correndo quando o flash disparou, pensando que o músico iria atrás dela.
Pennie não gostou muito do resultado, por conta da falta de nitidez, mas Joe Strummer, vocalista da banda, convenceu a fotógrafa que aquela deveria ser a capa do álbum do The Clash.
Em 2002 a foto foi eleita como a Melhor Fotografia do Rock N´Roll de Todos os Tempos, numa votação da Q Mag.

A artista também fotografou The Rolling Stones, U2, Manic Street Preachers, Oasis, The Who, The Jam, The Strokes e outras bandas do punk e rock.

Paula Scher

Capa do álbum da banda Boston // Capa do álbum do Bob James // Capa do álbum do Wilbert Longmire

Paula Scher é uma das designers gráficas mais influentes do mundo.

Parceira no escritório de Nova Iorque da Pentagram desde 1991, começou sua carreira como diretora de arte nos anos 1970. Depois de se formar na Tyler School of Art na Filadélfia, Pensilvânia, Paula Scher se tornou a diretora de arte da Costa Leste da CBS Records em Nova York aos 25 anos. De 1972 a 1982, projetou aproximadamente 150 capas de álbuns por ano. A capa do álbum de Boston foi desenhada em 1976, junto com o ilustrador Roger Huyssen. Este é um dos primeiros exemplos do trabalho tipográfico de Scher.

Eu gosto muito da capa da Boston por ter uma pegada bem ficção científica com estilo pós-apocalíptico e até um pouco brega. O álbum incluiu o super hit “More than a Feeling” e na arte vemos uma nave espacial em forma de guitarra explodindo a terra.

Annie Leibovitz

She’s So Unusual — Cyndi Lauper por: Annie Leibovitz

Impossível falar sobre design na música e não citar a Annie, fotógrafa super presente no cenário musical e cinematográfico.

Ela iniciou a carreira na revista Rolling Stone, em 1970. Ainda era estudante e o primeiro job foi fotografar John Lennon!!! Três anos depois, com 23 anos, virou fotógrafa chefe da revista.

Em 1975, a fotógrafa registrou a turnê da banda Rolling Stones. Foi nessa época que ela emburacou nas drogas e enfrentou o vício em cocaína que levou cinco anos para se superar.

Com o tempo, a estética de Annie foi de documental para mais comerciais e ensaiadas, mas nunca perdendo a identidade da artista, com características muito marcantes, caráter intimista e bem roteirizadas. O oposto da estética jornalística/documental que eu admiro na fotografia, mas por me remeterem a cenas de filmes, acabo gostando muito.

Yayoi Kusama

Lucky — Towa Tei Por: Yayoi Kusama

Yayoi é uma artista plástica considerada um dos maiores nomes da arte contemporânea e também um ícone da moda.

Mistura diversas artes, como colagens, pinturas, esculturas e instalações ambientais.

Quando tinha 10 anos começou a pintar bolinhas infinitas e foi nesse período que descobriu um transtorno obsessivo compulsivo. Por isso, vive há mais de 30 anos, por iniciativa própria, numa instituição psiquiátrica em Tóquio.

— Por sorte, quando eu ainda era jovem, fui a um psiquiatra que entendia de arte. Desde então, eu luto contra a minha doença; embora, no meu caso, a cura estivesse em criar arte baseada na doença. Desenvolver minha criatividade foi a minha cura.

disse a artista, em uma entrevista para o GLOBO

Até hoje as obras da artista são baseadas em padrões que se repetem. Tem como influências o minimalismo, pop art, surrealismo e expressionismo abstrato.

.

--

--